No sábado, o N. acordou com uma vontade enorme de comer rastejantes de casa às costas, que é como quem diz, caracóis. E como nós tínhamos feito uma aposta e perdi eu, quem pagava a conta seria aqui a Pepper.
Arranjámo-nos e pusémo-nos a caminho da praça. Esta praça tem coisas muito boas e é enorme. E como é enorme tem muita gente e... muito poucos lugares de estacionamento. Perdemos cerca de meia hora à procura de lugar.
Finalmente lá encontrámos um buraquinho onde deixámos o popó com o Pimentinha lá dentro a fazer de guardião. Viémos carregados de caracóis e outros géneros alimentícios.
De seguida rumámos ao supermercado cujo nome tem duas palavras e em que a primeira começa por "P" e a segunda por "D", para fazer o resto das compras. A minha mãe que tinha apanhado boleia connosco, estava com fome e foi ao bar que tem no interior. Estávamos nós já nas zonas da mesinhas quando vemos passar a Sandra, concorrente do Peso Pesado.
Estava realmente mais magra. Por momentos, coloquei-me na pele dela: a moça a passar e tudo a olhar para ela sem dó nem compaixão e provavelmente a observar se ela estava adquirir produtos saudáveis e que não engordassem. Não gostei nada da sensação que imaginei.
Da parte da tarde planeámos ir comprar um microondas para a minha sogra. A seguir ao almoço, começou um temporal de arrepiar: uma vento fortíssimo que partiu várias árvores, uma chuve tremenda que voltou a causar inundações e estragos e mais granizo que fez relembrar o da sexta-feira de umas semanas atrás.
Quando serenou, decidimos ir buscar o microondas. Havia um bastante em conta no PD e dirigimo-nos até lá. Assim que chegámos ao supermercado, deparamo-nos com ele fechado - tinha inundado com a chuvada que caira. Dirigimo-nos a outros locais para procurar um microondas em conta. Na rua da minha mãe duas árvores tinham ficado partidas ao meio e as estradas estavam cheias de pedras arrastadas pelas águas e que se tornavam perigosas.
Depois de ir a várias lojas (que não tinham nada de jeito e caríssimos) acabámos por ir ao monstruoso centro comercial construído mais recentemente aqui na zona. Muito a custo porque o N. não gosta de ir a sítios que não conhece e porque já estava danado com tantas voltas. Mas no fim das contas, tivémos a recompensa: conseguimos encontrar um microondas todo xpto muito em conta. E ainda provei o novo café Sical para a dolce gusto... Uma delícia!
Fico danada com certas coisas. Principalmente se vem de gente incompetente, com a mania que sabe fazer melhor que os outros mas cujos resultados são sempre fiascos de enfiar a cabeça debaixo da terra!
Há uma pinguim na Pinguinolândia que é assim. É uma sacana de primeira e vale-se de ser parente de quem é para obrigar os outros a "calarem-se". Até a pinguim-mor baixa a bolinha. E eu faço parte do rol que tem de engolir alguns sapos (como ela interromper a minha aula por tudo e por nada, largar sentenças, e roubar-me sempre tempo de aula, prejudicando os miúdos) e ter que fechar a boca em algumas situações. E é se quero trabalhar.
Hoje peguei nos meus pequeninos, e fui com eles para uma sala onde há computador, para ensaiar a canção da festa final do ano. A meio do ensaio, aparece-me a tal pinguim a meter o nariz, de resto como é prática corrente, já que ela não se enxerga. E toca a dar bitaites para aqui e para ali e a desconcentrar as crianças. Ela adora fazer isto aos alunos dela quando eu estou a explicar algo muito importante. Mas quando é na aula dela, chama nomes aos miúdos, bate-lhes e dá-lhes castigos... Adiante!
Eu já estava a começar a ferver, e decidi levar os miúdos para a sala deles. Por causa das constantes intervenções dela, já não conseguia fazer nada com os putos. Quando iamos a sair, estava a pinguim à porta. Fez questão de parar as crianças para lhe dizer:
- Ora digam lá a canção sem a cantar...
- Ó pinguim, as crianças são muito pequeninas e não é assim que aprendem inglês... elas aprendem as coisas inseridas num contexto... - disse eu quase a deitar fumo pelas orelhas.
- Mas elas têm de entender o que estão a dizer...
- E estão, pinguim... elas sabem o que estão a cantar, até porque elas já conhecem a canção desde o início do ano...
- Elas assim não vão lá...
- Vão sim, pinguim. O inglês tem de ser ensinado como eu faço a crianças tão pequenas... - e peguei na miudahem e arranquei antes que me desse três coisas más e lhe espetasse um unha nos olhos.
vim para a sala das crianças e voltei a ensaiar as crianças sem música. Não sei se foi devido ao afastamento da influência negativa daquela pinguim ou não mas que os miúdos depois cantaram tudo certinho, cantaram.
E existe uma coisa chamada Lei do Retorno. E esta pibguim que se prepare porque todas as coisas negativas e invejas que ela têm, vão virar-se contra ela. Ah pois é. Pra ela ninguém presta e nem ninguém faz nada bem como já vos disse. É pena é que ela não tenha espelhos para ver que aquilo em que se mete acaba sempre sair tudo mal porque ela quer fazer mil e uma coisa de uma vez, dando o trabalho aos outros porque ela não faz nada, de forma a ser diferente e original. Sai sempre cagada.
Quando eu terminei a aula, vieram dizer-me que ela tinha dito nas minhas costas "ela não vai conseguir...". Grande porca! Ela vai engolir o que disse. E eu sei que ela precisava de ajuda numas coisas para o final do ano e até podia dar-lhe uma mãozinha de boa vontade. Mas achm que merece? EU não acho. Ela que se deixe de estar com os dentes ao sol e de missas extras e coisas do género porque assim resta-lhe mais tempo para outras coisas.
É uma desorganizada que não consegue concluir nada a tempo. Mas se formos nós já levamos nas orelhas até mais não. E se ela tivesse uma família, filhos e vida cá fora como os outros? Epá, não há paciência!
Há uma senhora, que por vezes encontro no autocarro, cujo cabelo é digno de admiração, de se soltar um espantado "Ah!".
A primeira vez que a encontrei, vinha certamente do cabeleireiro. Cabelo muito direitinho, bem arranjado e impregnado de laca. O único senão é a "armação". O cabelo ganha uma dimensão que a mulher parece ter uma melância na cabeça... ou um ninho de cegonhas... ou um balão com cabelo!
Lembram-se daquela série da RTP que era A Mulher do Senhor Ministro? Lembram-se do cabelo da Ana Bola? Pois é uma coisa assim mas ainda um bocadinho maior e em tom cobre. Ah e às vezes tem uma variação: uma nuance loira na franja!
Hoje encontrei a tal senhora de novo. E descobri que, afinal, o cabelo dela não é armado pela cabeleireira. Portanto estava eu a atribuir as culpas à cabeleireira quando o defeito é... do próprio cabelo da mulher! É que hoje trazia o cabelo "ao natural" (vá, chamemos assim ao penteado desgrenhado de hoje) e tinha uma cabeça digna de uma cesta de vime! Ó que cabelo tão rebelde. Se fosse meu, dava-lhe um tratamento de pente zero!
Não resisti. Os euros estão muuuuito curtos mas eu não posso andar nua e nem sempre com a mesma roupa. E já as tinha visto no folheto. Uni o útil ao agradável e fui ver se ainda restava alguma para mim. Idealizei uma roxa. Era uma questão de ver se havia o meu número. Uma vantagem - ou desvantagem, quiçá - nesta loja é que a roupa vem em poucas quantidades, por isso não vamos na rua e vemos toda a gente igual a nós. E a relação qualidade-preço é muito boa. Não trouxe só a roxa... uma azul escura fartou-se de me pedir para a trazer "ah e tal, eu porto-me bem..." e eu fiz-lhe a vontade. Já perceberam que estou a falar do supermercado onde "a qualidade é barata e nos dão dinheiro para as despesas de saúde"... :P E eu não ligo mesmo nadinha a marcas. Mas mesmo nada!
Ora vejam lá as minhas aquisições... São giras ou não?
O autocarro chega à minha paragem e eu preparo-me para descer. À medida que a porta do autocarro se abre e eu vou descendo as escadas, vejo um cãozinho a correr para o meio da estrada, um carro a dar-lhe uma pancada e o pobre bichinho a correr desorientado e a ganir. Estava tão desorientado que tentou entrar para uma porta de escada que estava fechada e onde bateu com a cabecinha com toda a força. Voltou novamente a correr desorientado.
Eu fiquei danada porque o filho da put@ que atropelou o bicho, nem sequer teve a dignidade de parar o carro. Não, seguiu o caminho feliz e contente, borrifando-se para o caso. Afinal aqui quem foi o animal?
É claro que eu não podia deixar de ir à procura do bicho. Percebi pelas fracções de segundos em que lhe pus a vista em cima, que o bicho não era de rua (mesmo que fosse, fazia o mesmo). Fui à procura do bichinho e fui perguntando às pessoas da rua - que também viram mas não se incomodaram - se alguém conhecia o bichinho ou o dono. Ninguém conhecia.
Fui subindo a rua à procura do bicho e a pensar com os meus botões o que iria fazer caso ninguém conhecesse o dono. Finalmente encontrei o cãozinho. Estava encostadinho ao canto de uma porta da escada cheio de medo. Aproximei-me dele a falar com meiguice e a esticar a mão para ver se ele me deixava fazer-lhe uma festinha. O pobreziznho estava com tanto medo e desorientado que até me deu beijinhos na mão. Eu continuie a acalmá-lo e a fazer-lhe festinhas enquanto contava a quem estava ali o sucedido e perguntava se alguém conhecia o bicho ou o dono.
Passados uns minuto aparece uma miúda ao telemóvel. "Já o achei, está aqui", ouvi a miúda dizer e perguntei se era dela. Ela disse-me qualquer coisa mas o discurso era esquisito e a miúda tinha qualquer problema de fala, ficando eu sem perceber se o cão era dela ou não. Só sei que ela me dise que tinha de ir buscar o irmão à escola. Eu disse para ir que eu ficava ali com o bichito. E foi aí que apareceu a verdadeira dona do cão. "Ah ele fugiu-me, soltou-se da trela enquanto eu estava ao telemóvel", disse-me ela.
De seguida disse-me, mostre-me lá a trela para ver se é ele. Até me caiu o queixo aos pés e o coração ficou apertado. Então eu não conhecia os meus bichinhos nem que fosse só ao ver uma unha?!?! E mais, o meu Pimentinha até tem uma coleira igualzinha ao do bichinho atropelado e sei que não se solta facilmente porque os metais são fortes. A conversa ao telemóvel é que devia ser tão interessante que a miúda deve ter ido parar ao mundo da lua e esteve a borrifar-se para o resto. Miúdas irresponsáveis que devem pensar que os bichos são peluches!
Depois expliquei-lhe o sucedido e disse que tinha sido atropelado. Não se preocupou nada. Pegou no bicho ao colo e nem uma festinha lhe fez. E como o bicho não se queixou a miúda disse "já está bom...". Eu alertei-a que o bicho agora não tinha dores porque estava quente mas quando arefecesse devia começar a mostrar alguma queixa, para estar alerta.
E pronto, lá foi a miúda com o tobias - era este o nome e tinha 4 meses - como se nada tivesse acontecido. E eu vim para casa com o coração apertado e apensar que se um bichinho meu fosse atropelado eu estaria em frangalhos. Mas se calhar sou eu que sou parva. Mas não me importo de ser assim.
Foi dia de entrega de testes. Excelentes notas, a nota mais baixa foi um 74%, e a alegria estava estampada no rosto dos miúdos. No rosto e em mais algum sítio...
Depois de todos verem quanto tiveram, perguntar aos amigos a sua percentagem, começou-se a corrigir o teste no quadro. Começo a escrever no quadro e quando me viro...
- Ó teacher... o C. deu um pum..., disse-me a E. num tom quase inaudível.
- Não percebi nada, E. . Repete lá de novo...
- O C. tá aos puns... , repetiu a E. em coro com o K., que está sentado ao lado do C.
"Ai o caraças", outra vez, pensei eu com os meus botões.
- C. vai à casa de banho, se faz favor..., peço eu meio zangada meio a rir.
- Mas eu não quero ir...
- Ai queres, queres... vai lá à casa-de banho...
- Mas eu não quero ir...
- Mas nós também não queremos levar com os teus puns e temos que estar a levar... vai lá à casa de banho... - disse eu mais séria já. é que comecei a sentir o cheiro nauseabundo das ventosidades anais do senhor C. .
Vendo-se sem alternativa, o senhor C., lá levanta as nalgas a custo da cadeira e vai dar uma voltinha até à casa de banho. Excusado será dizer que os outros estavam a rir-se, não do colega, mas da situação caricata que se estava a passar.
Aproveitando a situação para "ensinar boas maneiras", e enquanto me abanava com um teste para afastar o cheirete, disse à turma - cuja maioria tinha o nariz escondido debaixo da camisola - que todos nós fazíamos o mesmo, que era uma coisa normal no ser humano mas que quando tínhamos vontade, pedíamos para ir à casa de banho.
Só a mim é que me acontecem destas! O miúdo deve comer couves e bróculos e cebolas com fartura porque é meio gorducho e assim faz dieta, e depois vem expandir a "alegria" para a minha aula. Deve pensar que eu estou a precisar de "ar novo", de ficar verde... Ó valha-me nossa senhora do sagrado olfacto... Argh!
É impressão minha ou esta ranhosa EXIGIU que os tugas - tansos como sempre - tivessem menos dias de férias e se aumentasse a idade da reforma para os 77 anos?!? Quer dizer tenho de ir para a cova chupada das carochas, seca que nem um bacalhau e tesa, como sempre.
A única coisa que me ocorre dizer é que esta senhora deve ser cegueta e ter alzheimer em último grau... Então não sabe que nós, pobres tugas tansos, trabalhamos mais horas do que os seus conterrâneos? E também não sabe que os nossos parcos ordenados não se comparam aos altos ordenados que se recebe na sua terrinha? E também não sabe que a na sua terra chega a gozar-se 30 dias de férias?!?
Ó Merkel, não sejas assim... abre os olhos para a vida, para a realidade.
Baza, baza Vai p'ra casa Abre a pestana, tana Isto aqui não é um filme, girl!
Tomou-lhe o gosto e agora não quer outra coisa... E quem se trama é quem vai trabalhar! Estou para aqui que nem posso, mais cansada e chei de sono! Humpf!
Mais uma noite de chuva e de trovoada fortíssima. Adormece uma pessoa ao som relaxante da chuva e está esticadinha na cama num sono tranquilo quando, de repente, CABUUUUM!!! E lá vem a "querida" trovoada" perturbar o nosso descanso!
Sou levada a pensar que esta chuva é traiçoeira, que há uma combinação maléfica entre a menina chuva e a dona trovoada! Quando nós pensamos que vamos ter uma noite calma e dormir o sono dos justos, apanhamos um susto digno de um ataque de coração.
Mas o pior não é só isto... É que o meu Bóbi tem um medo terrível dos trovões. Pois, um cão deste tamanho e é um mariquinhas de primeira! E o que é que um cão com medo faz? Ladra! E se o Bóbi tem um ladrar potente!
Ora se a vizinhança não acordar com a trovoada, com certeza acorda com o ladrar do Bóbi! E o que é que eu posso fazer?! É que até eu não me apetece nada estar a ouvir o senhor Bóbi a ladrar e dar saltos a meio da noite.
Fui pesquisar na net o remédio para este mal. E encontrei isto: "Ignore os trovões, faça o cão perceber que você não está com medo, que mesmo com os trovões você continua fazendo tudo normalmente. Assim ele começará a entender que não há tanto perigo quanto ele imagina. Outra dica é você tentar distrair o cão com brincadeiras que ele goste. Sempre que ele brincar com você e esquecer do medo das trovoadas dê um petisco. Com o tempo a tendencia é o cão associar as trovoadas com um momento de brincadeira e diversão com o dono."
Bom, se assim li, melhor o fiz. Brinquei com o cão, dei-lhe barrinhas e biscoitos para o recompensar de ter ouvido o trovão e não ter ladrado, até que a trovoada acalmou. O bicho depois deitou-se no chão e adormeceu. E eu também. Finalmente. Trovoadas, bah!
Enquanto o meu 3º ano procedia às rotinas iniciais da aula, notei que havia duas alunas a olhar com cumplicidade uma para a outra mas ao mesmo tempo com ar aflito. Estranhei.
Simultaneamente, olharam uma para a outra, levantaram-se das suas mesas e vieram ter comigo à minha secretária.
A M. toma coragem e diz-me:
- Ó teacher, o C. está só a dar puns...
- É verdade, teacher - diz a I.
- Já na aula de língua portuguesa ele estava a fazer o mesmo... era só puns malcheirosos... - diz a M.
Eu mal contive a vontade de rir, assim como toda a turma... Opá se há coisa que dá vontade de rir ao ser humano é um "punzinho melodioso", não é? Mas compreendi que as miúdas já deviam ter ficado verdes, amarelas, azuis, roxas e por aí afora. Por isso disse:
- Ó C., não queres ir à casa de banho?
- Não... - responde o C.
Como eu já vivi esta situação algumas vezes, insisti...
- Vai lá... via libertar o stress... sim, porque isso é stress... é dos nervos... vai lá...
A turma estava toda roidinha para desatar em gargalhadas por eu dizer que as ventosidades anais eram do stress, dos nervos, mas já sabiam que iam levar nas orelhas e contiveram-se.
O C. lá se levantou, dirigiu-se para a porta com o ar molengão que o caracteriza e um sorriso nos lábios, enquanto eu lhe dizia:
- Vai lá libertar a gaseificação que isso é dos nervos...
Oportunista, o K. veio ter comigo e perguntou-me:
- Também posso ir à casa de banho?
Como tinha acabado de vir do recreio, neguei:
- Não... eu só deixei o C. ir porque é uma questão de vida ou de morte... é que se ele não for libertar o stress à casa de banho, morremos aqui todos intoxicados...
E pronto! Parece que foi remédio santo. O K. já não quis ir à casa de banho, talvez com medo do "ar" que lá fosse encontrar, a M. não voltou a queixar-se e as "bombas antónias" pareceram ter cessado.
Ainda não foi desta que as potentes bombas antónias do C. conseguiram eliminar-nos... Ahahahah!